Afinações
Todos sabemos que, salvo raríssimas excepções, um mini-modelo que saia da caixa e vá para a pista tem ainda um longo caminho a percorrer no campo das afinações. Sejam os pneus irregulares ou altos, o motor a vibrar e sem rodagem, um empeno no chassis ou folga nos eixos, há sempre um pormenor a pedir a nossa atenção para que no final, o nosso carro se encontre em perfeitas condições para que possa dar o seu melhor em pista, sem que nos surpreenda numa curva ou numa travagem em que algo não esperado acontece e compromete a nossa prova. Daí o tempo de treino ser de extrema importância para melhor perceber a nossa máquina e fazer aqueles pequenos ajustes que tanto vão contribuir para nos dar horas de prazer a conduzir.
Por tal, a Extreme irá tentar contribuir nesta página com alguns conselhos práticos para os menos experientes ou que estejam agora a iniciar a actividade e que procuram máquinas que sejam cada vez mais eficazes e fáceis de conduzir.
Mais à frente iremos abordar afinações mais complexas e com o uso de material profissional de competição, já que existem no mercado peças com qualidade avançada que permitem afinações óptimizadas dos nossos carros. Material esse que é usado pelos pilotos de topo e que vêm na competição slot uma forma, muito válida, de estar.
Então e para começar, deve-se ter sempre em conta o elememto mais importante- A lubrificação: todas as zonas de fricção de um mini-modelo devem estar sempre perfeitamente lubrificadas. A partir daqui é sempre a dar gás...
Para quem quiser dar a sua opinião ou esclarecer alguma dúvida contacte [email protected]
nota: está página está em constante actualização.
Kit básico para as primeiras afinações
1- Escova (nylon, arame fino, polímero ABS ou similar) para limpeza de palhetas; 2- Chaves sextavada 0,9mm (M2) para parafusos tipo Allen; 3- Chaves de fenda; 4- Chaves de estrela; 5- Paquímetro; 6/7/8- Limas (plana, meia-cana e redonda); 9- Ferro de soldar; 10- Solda de estanho; 11- Óleo fino; 12- Isqueiro; 13- Super Cola (cianocrilato); 14- Extractor/colocador de pinhões; 15- Massa de soldar; 16- Fita auto adesiva de tecido; 17- Alicate de relojoeiro; 18- Tesoura; 19- X-ato; 20- Lixa (fina, média e grossa).
Fixar o motor
Para se cintar o motor ao chassis ou à sua bancada, corta-se uma tira de fita auto adesiva de tecido e faz-se um ‘U’ à volta do motor com a cola para cima (1 e 3). O comprimento da tira deve permitir às duas orelhas cintarem o motor (3 e 2). Se o motor tiver bancada independente do chasssis, então as orelhas vão colar na parte da fita que está para cima, depois de abraçar a bancada (4).
Para colar o motor, usa-se super cola directamente nos trincos do motor, à frente e atrás, tendo cuidado para não deixar que a cola se instale no veio do motor. Sugere-se que esta aplicação seja feita com um palito.
Com este processo as vibrações que vêm do motor tendem a desaparecer, indo sobretudo, estabilizar o eixo traseiro e os seus apoios, evitando folgas que mais tarde se revelam muito negativas ao andamento do nosso bólide.
Acertar a cremalheira
Uma das primeiras afinações a fazer num slot é o acerto da cremalheira, mas atenção, se a cremalheira de origem for de aperto esta afinação não é necessária.
Depois de cintar ou colar o motor e de lubrificar todas as zonas que vão estar em fricção, coloque o chassis sem carroçaria na bancada de preparação (ver na página “acessórios” deste site) a 8 volt (1a) com o elevador que impossibilita que as rodas do eixo de trás toquem no piso (1b) e em seguida aqueça ligeiramente a cremalheira com o isqueiro até amolecer ligeiramente a cremalheira (2). Neste processo deverá ter em atenção o aquecimento do plástico, pois se for elevado irá danificar severamente a cremalheira. Ainda com o motor em rotação e com a cremalheira amolecida, use o indicador para encostar e acertar a cremalheira ao pinhão e assim obter um bom acamar das duas peças, já que o pinhão vai levar a cremalheira a ganhar a sua forma (3).
Com este processo vamos eliminar as vibrações que resultam do mau casamento pinhão/cremalheira e assim obter uma relação suave nas acelerações, travagens e passagem em curva.
Rectificar os pneus
Para rectificarmos os pneus apenas precisamos da nossa bancada de preparação (ver na página “acessórios” deste site) com as placas de lixa. Esta rectificação serve para eliminar as imperfeições na superfície de contacto (2) e no perfil do pneu (3).
Retiramos a carroçaria ao nosso carro e lubrificamos muito bem os bronzes e a cremalheira. Vamos então e muito levemente iniciar um movimento contínuo e alternado da esquerda para a direita para rectificar os dois pneus ao mesmo tempo (1). Vamos verificando pelas manchas que aparecem nos pneus se estes estão já a ser rectificados por todo ou se existem partes mais altas (4), ainda, para desbastar (1a). Com o paquímetro verificamos o diâmetro dos dois pneus para que ele se mantenha igual (7 e 8). Este processo fica concluído quando as superfícies de contacto e os perfis dos pneus estiverem perfeitamente regulares (5 e 6). Para dar o acabamento final, já que os nossos pneus ficaram com quinas vivas (9), vamos arredonda-las com a lixa (10) tendo em atenção para não exagerar porque demasiados redondos os pneus deixam de ser tão eficientes (11 e 12).
Com este processo o nosso carro fica muito mais guiável, principalmente em curva, melhorando também, a travagem e a aceleração.
Baixar o perfil
Normalmente os pneus de origem dianteiros têm um perfil muito alto (A) e como consequência obrigam o patilhão a ficar muito elevado em relação à calha (C). Para corrigirmos esta situação vamos usar um mini berbequim e um eixo com duas jantes, sejam coladas ou de aperto. Devemos então lixar os pneus muito levemente e até ao perfil desejado (E e F).
Se não tiver um mini berbequim pode usar o processo “Rectificar pneus” descrito anteriormente.
Com este processo vamos conseguir dois melhoramentos ao mesmo tempo, primeiro o patilhão encosta à pista (D) e segundo, ficamos com o chassis em cunha (B) o que leva às transferências de massa, principalmente em curva, já que ajuda a que a frente se mantenha “presa” à calha evitando as saídas de frente.
Desbastar o patilhão
Em muitos dos nossos modelos o patilhão que vem de origem tem a sua plataforma demasiado espessa. Provocando um levantamento do chassis à frente (1a e 1b) e consequentemente se note falta de apoio frontal no nosso andamento, provocando saídas de frente em curva e em alguns casos em aceleração.
Para conseguirmos rebaixar o patilhão na plataforma basta desbasta-lo na nossa placa (2) especialmente concebida para este efeito (ver em acessórios neste site). Com movimentos contínuos de vai e vem (3) desbasta-mos a plataforma na lixa até que a sua espessura seja apenas a necessária para manter as palhetas na sua posição (4).
Com este processo conseguimos aproximar o chassis à pista (5a e 5b) para assim atingirmos melhores prestações em pista.
Basculação da carroçaria
Para colocarmos a nossa carroçaria a bascular (A) vamos usar uma lima redonda e alargar todos os orifícios do chassis que servem para fazer a fixação à carroçaria (B). O efeito que se pretende será o de eliminar o aperto que os parafusos fazem no chassis (C1) permitindo-lhe uma movimentação livre, já que os parafusos só irão roscar nas colunas de apoio da carroçaria. (C2). Atenção, se vai usar parafusos métricos poderá não ser necessário alargar tanto ou de todo, como se fosse para os parafusos de rosca larga que normalmente vêm de origem, já que são mais estreitos e alguns deles não têm sequer rosca na zona perto da cabeça (2a). Coloque uma gota de óleo na cabeça dos parafusos para reduzir o atrito no chassis.
Assim vamos conseguir dar mais (1b e 2b) ou menos (1a e 2a) basculação, conforme o nosso dedo e a pista, para atingirmos o ponto ideal do nosso carro.
Com esta afinação, vamos conseguir um melhoramento das deslocações de massa em curva e em travagem e um aumento de suavidade no geral, o que, inevitavelmente, leva a um andamento significativamente mais rápido.
Rectificar jantes
As jantes de plástico que vêm a equipar os nossos mini-modelos são muitas vezes fonte de problemas. Ora trazem papos de plástico (A) provocados pela injecção do plástico no molde, ora trazem o piso irregular (B), fruto do defeito de fabrico. O que em pista se traduz em saltos, muitos saltos.
Comecemos pelos papos, que facilmente eliminamos com o x-acto e a seguir com a lima para retirar as rebarbas subsistentes. Mas para garantir um piso rectificado (A1 e B1) vamos levar as jantes à nossa bancada de preparação (1(ver na página “acessórios” deste site))onde montadas no eixo as lixamos em lixa de água, com uma corrente entre os 5v e os 8v, movimentando o chassis da esquerda para a direita sucessivamente até que o piso esteja rectificado. Vamos verificar pelas marcas nas jantes (1a) quando todo o piso estiver rectificado. Apesar de ser uma operação delicada, tudo correrá bem se não se fizer muita pressão nas jantes.
Temos a certeza que as nossas jantes estão bem rectificadas quando em rotação em cima de um piso liso não apresentarem oscilações (2 e 3).
Não esquecer de lubrificar todas as peças que vão estar em fricção.
Com esta afinação vamos conseguir um domínio perfeito das derrapagens em curva e uma progressão em aceleração muito precisa, também a travagem sai beneficiada.
Ligar o regulador de travão
Para se aplicar o regulador de travão no nosso punho vamos ligar um potenciómetro de 100 Ohms, do tipo bobinado, em série com a resistência (A). No fundo estamos somente a acrescentar uma resistência que vai diminuir o efeito de travão, até não se notar efeito de travão, eléctrico, no nosso carro quando temos o regulador no máximo. A potência de travagem máxima, continuará a ser sempre aquela que o motor tem de fábrica, quando temos o regulador no mínimo. É um processo relativamente simples, em que os principais cuidados a ter serão: o de descarnar e estanhar as pontas ( B: 1; 2 e 3) no tamanho que seja apenas o necessário e ao soldar a ponta de condutor que liga o potenciómetro à secção do travão na resistência, convém dar-lhe uma curvatura e raspar com o x-acto a zona de trabalho, para que se consiga uma boa solda (C). Não esquecer de colocar massa de soldar em todas as zonas de solda para que esta se dê em perfeitas condições.
Com este processo vamos conseguir dosear a travagem adequando-a à nossa condução.